Passava das vinte e três horas, o céu estava nublado, relâmpagos rasgavam o céu com flashes poderosos que iluminavam até os cantos mais escuros da alma humana. Estrondosos trovões faziam tremer o chão, parecia que ia chover forte, mas apenas ficou na ameaça. Ninguém no vilarejo saia de suas casas, nem os animais saiam de suas tocas, porém no castelo das boas magias, a bruxinha Monny se divertia com seu gato. Ela ficava horas e os dias a observar as pessoas que transitam lá embaixo. Ela observa detalhadamente, na sua infinita paciência sabia quem era quem, seus hábitos e costumes. As verrugas, a vassoura ou o caldeirão não assustava mais os moradores em relação às bruxas. Quase não saia do seu castelo todo pintado de roxo por dentro e por fora, mas sabia de tudo que se passava no mundo exterior, descia para comprar ervas na feira das mil e umas utilidades, comprava camomilas, ervas doces, pagava algo ao mascate e presenteava as crianças com doces e guloseimas. Passeava na floresta das figueiras que riem. Bruxinha Monny conversa com elas e com seus amigos elementais que a ajudavam em quase todos os afazeres. Não sabem de onde ela veio. Bruxinha Monny é estranha, mas cativante, tem estranhos hábitos, como o de dançar seminua logo após a meia noite e tomar banho com água fria e comer frutos do mar.
Estava aproximando o “Samhain”. Num desses caminhos que se cruzam, Sawad, um escritor que bruxinha Monny gostava muito, ele encontrou-a na madrugada de sexta-feira para sábado, observou a pequena mulher dançando em volta de uma fogueira e viu que tinha um corpo esguio, seus olhos eram castanhos escuros, seus cabelos eram negros e curtos. Bruxinha Monny tinha um olhar marcante, talvez tentasse ver além das coisas normais. Sawad perguntou se sentia sozinha.
- Não sinto solidão, a solidão se faz necessária em certos momentos da vida. Torna-se de grande valor quando em si mesma tantos obstáculos se erguem, é um terrível trabalho saber conciliar as aspirações com todas tendências confusas do meu temperamento. Lutar contra adversários é empregar toda minha força num único objetivo, a melhoria do mundo ou a construção de um mundo novo. Respondeu bruxinha Monny.
Ela aprendeu que era preciso conquistar a si mesma.
- E você Sawad, por que fala tão pouco, te vejo sempre com uma caneta e papeis e sempre escrevendo? Ela perguntou.
- Sou apenas um anônimo escritor, escrevo sobre aquilo que vejo, sobre aquilo que fico sabendo, e recitou um poema:
Viajo pelas minhas idéias,
Cai dentro do meu prato de comida,
Sou tão raro como os restos de Pompéia,
Cruzei com as cruzadas,
Não tenho medo da morte,
Depois de tanta dor
Tenho sorte
Pois encontrei meu grande amor.·.
Bruxinha Monny, abriu um largo sorriso, faz tempo que não sorria tão gostosamente. Ela deu-lhe um abraço apertado e um beijo no rosto, ele deu-lhe uma corrente com um com uma medalha e nela impressa o desenho do cavaleiro negro, Donnovan e disse:
- O sistema está em colapso e temos pouco tempo para corrigi-lo, é preciso ter uma consciência própria, o sentimento tem que ser simples a todo instante, o pensamento complexo tem que estar dentro do eixo fundamental e as boas obras tem que ser capítulos de muitas experiências diárias.
Monny compreendeu a mensagem e em seus passeios esporádicos, ela observava a lua e sentia forte atração por ela. Foi uma das primeiras moradoras da Ilha do Fogo, terras férteis de muitas histórias e muitos mistérios. Aquele mundo seria sem graça sem a bruxinha Monny. Era um tempo que tudo acontecia num ritmo menos acelerado e ela fazia-o ficar mais alegre.
Os dias foram passando e chegou o “Samhain”, o ano novo dos bruxos e em mais um inicio de noite venho à lua cheia, esplendorosa, Monny subiu pela colina para vislumbra-la, ficou encantada, Sawad a olhava distante, o céu estava estrelado belo, um negror profundo constratava com a luminosidade da lua, que enorme surgia no horizonte. A missão da bruxinha Monny na ilha fora completada, ela harmonizou o ambiente, equilibrou o que estava desequilibrado, semeou flores, jasmins, tulipas, orquídeas, rosas e plantou árvores por toda a região. Ela era uma bruxa diferente, especial. Olhou para o lado e lá distante viu Sawad, seu coração bateu mais forte, ela disse plinct, plonct e deu um pulo colina abaixo e seu corpo levitou, voando rumo ao espaço, rumo à lua. Deixou para trás toda forma de opressão que sentira, todo mal com quem lutara por toda uma vida e deixou aquele que mais gostava, mas ele estava para sempre no seu coração, mesmo ela tendo visto e conversado com ele um vez só. Só Sawad a viu desaparecer no céu e escreveu num papel:
Julgamos as pessoas exteriormente e queremos que elas sejam sempre como a gente, mas não é assim que a máquina da vida funciona, aqueles quem menosprezamos e achamos diferentes, estranhos, são infinitamente maiores do que aquilo que pensamos ser.
Escritor:Douglas Ferreyra
LEGAL ESSE CONTO POSTADO, GOSTEI MUITO...
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